domingo, 29 de março de 2009

Meme

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Um meme, termo cunhado em 1976 por Richard Dawkins no seu bestseller controverso O Gene Egoísta, é para a memória o análogo do gene na genética, a sua unidade mínima. É considerado como uma unidade de informação que se multiplica de cérebro em cérebro, ou entre locais onde a informação é armazenada (como livros) e outros locais de armazenamento ou cérebros. No que diz respeito à sua funcionalidade, o meme é considerado uma unidade de evolução cultural que pode de alguma forma autopropagar-se. Os memes podem ser idéias ou partes de idéias, línguas, sons, desenhos, capacidades, valores estéticos e morais, ou qualquer outra coisa que possa ser aprendida facilmente e transmitida enquanto unidade autónoma. O estudo dos modelos evolutivos da transferência de informação é conhecido como memética.

Quando usado num contexto coloquial e não especializado, o termo meme pode significar apenas a transmissão de informação de uma mente para outra. Este uso aproxima o termo da analogia da "linguagem como vírus", afastando-o do propósito original de Dawkins, que procurava definir os memes como replicadores de comportamentos.

Ainda que tal possa surpreender alguns defensores da memética, conceitos similares ao de meme antecedem em muito a proposta de Dawkins, ocorrendo por exemplo no ensino Sufi, segundo o qual os Muwakkals são considerados como entes autónomos e elementares que constroem o pensamento humano.

«A chave de todo ser humano é seu pensamento. Resistente e desafiante aos olhares, tem oculto um estandarte que obedece, que é a idéia ante a qual todos seus fatos são interpretados. O ser humano pode somente ser reformado mostrando-lhe uma idéia nova que supere a antiga e traga comandos próprios.»

(Ralph Waldo Emerson)

Veja Memetic lexicon para uma revisão de palavras usadas em memética.

Índice

[esconder]

[editar] Evolução memética

A evolução memética, tal como o seu equivalente genético, pressupõe a possiblidade de mutações e de um mecanismo darwiniano de selecção natural para que possa ter lugar. As mutações são o factor responsável pela emergência de variações essenciais; as que são mais eficazes ao em replicar-se tornam-se, por definição, mais comuns, possuindo uma maior probabilidade de continuarem a replicar-se. No entanto, diferentemente da evolução genética, a evolução memética não se sustenta em algo exterior, análogo ao genótipo. Se um roedor perde a sua cauda, ou um fisiculturista levanta pesos, por exemplo, a informação no ADN do seu genótipo permanecerá a mesma, e quando se replicar não irá passar essas características adquiridas. Na memética, por outro lado, o fenótipo coincide com o genótipo e dessa forma as mudanças no último são transmitidas quando for replicado.

Dessa forma, a memética pode ser vista como Lamarckiana, o que possui a sua dose de ironia, já que consideráveis esforços e debates vieram a provar que a evolução genética não era. Não é contudo esta a perspectiva original de Dawkins, que se assume como um neodarwiniano, e que portanto nega a possibilidade de transmissão de características adquiridas nos memes tanto quanto nos genes, explicando o que superficialmente pode ser uma replicação de tipo lamarckiano como resultado de mutações.

É de admitir que as mutações dos memes (e o seu diferencial reprodutivo) tenham conduzido a linguagem a uma evolução cultural que, começando com umas poucas sílabas primitivas, a permitiu tornar-se hoje uma profusão de idiomas e dialectos, já para não mencionar as várias possibilidades de variação simbólica no interior de cada dialecto. O mesmo raciocínio pode ser aplicado aos sistemas de linguagem: a escrita, o Braille, as linguagens de sinais como a gestual, etc. Para tomar um exemplo recente, o frequentemente citado meme "All your base are belong to us" produziu variações como "all your vote are belong to us", enquanto outras falas do diálogo do videojogo que esteve na origem deste meme, caso de "Someone set us up the bomb", ainda que também replicadas pela Internet, obtiveram menor sucesso. O número de resultados de um questionário efectuado aos Sistemas de busca da Internet podem, até certo ponto, servir como medida imperfeita da popularidade de várias expressões meméticas.

[editar] A cultura evolui ?

Dawkins observou que as culturas podem evoluir de modo muito similar ao das populações de um organismo. Entre as gerações podem ser passadas idéias que podem aumentar ou diminuir a sobrevivência dos indivíduos que as obtêm e usam. A esse processo vem associado um mecanismo de selecção das idéias que continuarão a ser passadas às gerações futuras. Por exemplo, cada cultura pode possuir métodos e designs únicos para a construção de determinadas ferramentas, mas a que possua métodos mais eficazes - assumindo que todas as outras variáveis se conservam inalteradas - irá provavelmente prosperar sobre as outras culturas. Isso leva a que prospere a adopção desses métodos, que serão usados por uma fracção maior da população com o passar do tempo. Cada design de ferramenta funciona então da mesma forma que um gene biológico (que pode existir nalgumas populações mas não noutras): a presença desse mesmo design nas gerações futuras é directamente afectada pela sua eficácia enquanto meme.

Uma característica chave do meme é que ele é propagado por imitação, conceito proposto pelo sociólogo francês Gabriel Tarde. Quando a imitação surgiu evolutivamente nos humanos, isso veio a revelar-se um bom "truque", pois aumentava a capacidade individual de se reproduzir geneticamente. Talvez a seleção sexual dos melhores imitadores tenha levado a um aumento genético na capacidade dos cérebros para imitar. "Imitar" aqui significa basicamente levar informação do ambiente até ao cérebro por algum órgão sensorial. O elemento ambiental pode ser inanimado (como é o caso dos livros), mas, mais tipicamente, é um outro humano a partir de quem a informação de um certo comportamento é obtida e posteriormente praticada. As fontes inanimadas de informação são designadas pelo termo "sistemas retentores". Uma vez que os memes se progagam de um indivíduo a outro por imitação, não podem existir sem cérebros que sejam suficentemente potentes para analisar os aspectos relevantes dos comportamentos a serem imitados (o que deve ser copiado e por que razão deve sê-lo) bem como seus benefícios potenciais. Os memes (ou comportamentos adquiridos e propagados por imitação) apenas podem ser observados num reduzido número de espécies terrestres, caso dos hominídeos, dos golfinhos, e de aves que aprendem a cantar por imitação dos seus progenitores. Pode no entanto ser alegado que existem memes menos complexos noutras espécies - por exemplo, comportamentos imitativos artificialmente induzidos em cefalópodes e ratos.

Uma outra característica que os memes partilham com os genes é o facto de sobreviverem para além dos indivíduos que os transportam. Um gene bem sucedido (como é o caso dos genes para dentes fortes numa população de leões) pode conservar-se sem mutações no conjunto de genes de uma população por centenas de milhares de anos. Da mesma forma, um meme bem sucedido pode propagar-se de indivíduo para indivíduo para muito além do momento em que teve origem.

[editar] Analogias biológicas

Assim como o conceito de egoísmo genético pode ser usado como auxiliar para uma melhor compreensão do modo como funciona a evolução biológica, o conceito de meme pode ser igualmente usado para compreender alguns aspectos da cultura humana (bem como comportamentos aprendidos de outros animais) que de outra forma careceriam de uma explicação suficientemente adequada. Em qualquer dos casos, se esta "explicação adequada" não for sustentada por testes empíricos, permanecerá a discussão em torno da cientificidade do conceito. A memética pode então ser considerada como uma ciência ainda na sua infância, uma protociência, ainda que muitos críticos do conceito a considerem tão-só uma pseudociência. Em todo o caso, muitas destas acusações podem provir duma interpretação literal da expressão "gene (ou meme) egoísta", que Dawkins sublinha que deve ser tomada como mera metáfora: um meme, assim como um gene, não faz ou deseja qualquer coisa intencionalmente. Simplesmente é (ou não) replicado, e isto de forma passiva.

[editar] Evolução dos memes

Para que ocorra a evolução, não basta a existência de mecanismos de hereditariedade e de seleção natural; é igualmente necessária a possibilidade de mutação, propriedade que também é atribuída aos memes. As idéias que são transmitidas de cérebro em cérebro podem sofrer modificações que se acumulam ao longo do tempo. Essas modificações no "fenótipo" (a informação nos cérebros ou sistemas retentores) são então transmitidas sob uma nova forma. Por outras palavras, de modo algo distinto da evolução genética, pode alegar-se que se propagam de forma tanto Darwiniana quanto "Lamarckiana", pelo menos no sentido popular do último termo. Por exemplo, os contos populares e mitos são frequentemente adornados quando recontados com o objectivo de serem mais bem recordados --- aumentando dessa forma a probabilidade de serem recontados. Ilustrações mais contemporâneas podem ser encontradas nas várias lendas ou mitos urbanos e trotes (ou hoaxes) que circulam na internet, de que são exemplo os falsos avisos de vírus como o "goodtimes virus".

Contrariamente à história dos genes, que sofrem mutações aleatórias, as mutações nos memes geralmente são intencionais. São "pessoas" que alteram os contos na intenção de melhorá-los ou de que eles sejam recontados, apresentando ou não sucesso. Um outro exemplo bem oportuno: o leitor deste artigo graças ao "wiki-software" é encorajado a alterá-lo e melhorá-lo. Se esta "mutação" melhorar o texto na opinião dos leitores, ele continuará publicado nesta enciclopédia. Caso contrário ele será modificado ou eliminado.

Um outro aspecto da evolução dos memes é que pode-se criar um mecanismo que facilite o processo de mutação, como no exemplo descrito acima. Iniciativas como proteção de copyright e mecanismos de bloqueio de alterações nao facilitam a evolucao dos memes.

[editar] Forças evolutivas que afetam os memes

O sucesso de um gene ou de um meme é determinado apenas pelo número de cópias existentes (e por onde essas cópias residem). Há uma forte correlação entre genes bem sucedidos e genes que têm um efeito positivo no organismo que contém esses genes. Voltando a atenção para o caso dos memes que normalmente são interpretados como alegações de factos, pode postular-se uma correlação análoga entre os memes bem sucedidos e os que são verdadeiros. Similarmente, haverá uma correlação entre memes de natureza tecnológica ou económica bem sucedidos e aqueles que têm um efeito positivo na economia. No entanto, este não é o único factor a ter em conta: há genes e memes cujo sucesso se deve a outros factores e cujo efeito pode inclusive ser negativo.

O sucesso de um gene num corpo pode dever-se à sua capacidade de esquivar-se da loteria sexual, tendo para tal de estar presente em mais do que 50% dos zigotos de um organismo. Outros genes são selecionados positivamente pela via sexual. Assim, a evolução dos genes é influenciada por vários factores que não exclusivamente o sucesso da espécie como um todo. Similarmente, as pressões evolutivas nos memes não são apenas a verdade e o sucesso econômico. Entre estas outras incluem-se:

  1. Experiência: Se um meme não apresenta uma correlação com o universo de experiência de um indivíduo, então será menos provável que este acredite nesse meme.
  2. Felicidade: Se um meme faz com que um indivíduo se sinta mais feliz, então será mais provável que acredite nele (ex.: a idéia de que se será recompensando depois da morte pelos actos cometidos em vida --- "faça isso assim e irá para o paraíso depois da morte").
  3. Medo: Se um meme constitui uma ameaça, os indivíduos podem ser levados a crer nele pelo medo. (é o exemplo oposto ao anterior: "se você fizer alguma coisa ou não fizer outras, irá arder eternamente no inferno).
  4. Economia: Se um meme tende a ser portado por pessoas ou organizações que têm influência econômica, então o meme provavelmente beneficiará uma maior audiência. Se um meme tende a aumentar as riquezas de um indivíduo portador, provavelmente irá disseminar-se pela mesma razão. Entre os memes deste tipo incluem-se idéias tão simples quanto a de que "o trabalho duro é bom" e "as coisas mais importantes devem vir em primeiro lugar".
  5. Censura: se uma grande e poderosa organização penaliza pessoas que expressam a crença nalgum meme em particular ou queimam livros que contenham esse meme, então ele será colocado numa situação de desvantagem seletiva. (A este propósito, deve contudo notar-se que existe o meme "é errado censurar". Seria interessante especular se esse meme teria prosperado pelo aumento da riqueza de algumas nações que o aplicaram, dessa forma aumentando a influência do meme em si).
  6. Conformidade e inovação: os memes, de forma um pouco diferente dos genes (mas não muito diferente dos genes presentes em vírus), podem aumentar em freqüência simplesmente por serem populares. É o caso do apego ao tradicional e do repúdio ao novo - algo que se relaciona com um outro factor de seleção, a felicidade relativa que decorre do nível de aceitação social. Noutros casos, mais notoriamente na moda e em várias formas de arte memes podem tornar-se populares pela razão oposta, isto é, por serem incomuns ou inovadores. Pode neste caso haver uma relação mais ou menos directa com o mecanismo de seleção sexual.

[editar] Troca de vírus meméticos?

Uma controversa aplicação desse paralelo "egoísmo memético" é a idéia de que certos grupos de memes podem agir como "vírus meméticos": conjuntos de idéias que comportam-se como formas de vida independentes, e continuam a ser transmitidos mesmo que à custa dos seus hospedeiros simplesmente porque eles são bons em se fazerem ser transmitidos. Foi sugerido que as religiões e os cultos comportam-se dessa maneira; por incluir o ato de transmitir suas crenças como uma virtude moral, outras crenças da religião são passadas juntamente mesmo que elas não sejam particularmente valiosas para o crente.

Outros notam que a larga prevalência da adoção humana de idéias religiosas e defendem que isso prova que elas devem ter algum valor ecológico, sexual, ético ou moral. Por exemplo, a maioria das religiões urge por paz e cooperação entre seus seguidores ("Não matarás"), o que pode tender a promover a sobrevivência biológica de grupos sociais que carregam esses memes. Certamente os defensores das religiões alegam que há esses valores em se seguir suas regras e princípios - mas como isso está relacionado com o que eles sentem ser divino?

Há uma tendência na memética para criticar-se memes religiosos. De qualquer forma, algumas autoridades especulam que as religiões tradicionais agem como sistemas imunológicos mentais para suprimir novos memes que podem ser nocivos. Por exemplo, o cristianismo proibe assassinato e suicídio, suas definições precisas de heresia garantem que novas religiões que advoquem essas ações não podem ser aceitas por pessoas educadas no cristianismo.

Ainda assim, a história nos mostra que não ocorre sempre exatamente isso, e verdadeiros massacres foram feitos com embasamentos religiosos, como guerras santas ou caça às bruxas. Ainda que religiões contenham memes que possam ter seus aspectos positivos, há um considerável grau de plasticidade individual da expressão dos memes, bem como influências de outros memes particulares de diversas localidades ou períodos na expressão de conjuntos de memes como a bíblia ou outros livros religiosos. Isso basicamente resulta nas diferentes interpretações ao longo do tempo, originando novas correntes religiosas a partir de uma base em comum. No decorrer dessa evolução muito do que pode ser considerado positivo pode deixar de ser expresso.

Muito disso está relacionado com os memes propagados pelas religiões que não estão diretamente, logicamente, associados aos valores morais e éticos, associações descartáveis de idéias sobre o sobrenatural como justificativa moral. Esses memes podem evoluir independentemente e influenciar negativamente na expressão dos memes considerados positivos.

[editar] Seleção não-natural

Quão "natural" é esse tipo de seleção? Talvez tão natural quanto a atração sexual ou hábitos éticos. A relação do meme com outras idéias de evolução, como essas que separam fatores ecológicos, sexuais, éticos e morais e não reservam um lugar especial ou separado para a "cultura" além desses, parecem ser "pretendentes do trono" - fingindo explicar essas idéias mais específicas de evolução e cultura, mas sem qualquer modelo para teste. Isso causa a alguns cientistas e outros a desdenharem a cultura como algum tipo de fator na vida humana.

Uma famosa observação desse tipo é a de que Margaret Thatcher, quem diretamente disse "não há essa coisa de sociedade" - evidentemente ela se referia a um conjunto de fatores de sobrevivência, sedução e escolha moral específicos dos indivíduos, casais e famílias e não como uma "cultura" ou "sociedade" unificadas de algum modo.

[editar] Exemplo de isolamento reprodutivo na 'especiação' memética

Na genética populacional tradicional, a variação genética normal, seleção, e deriva não levam a formação de novas espécies sem alguma forma de 'isolamento reprodutivo'; isso é, para dividir uma única espécie em duas, as duas subpopulações da espécie original devem de alguma forma ser impossibilidadas de intercruzar-se, o que iria normalmente manter sua heterogeneidade. No entanto, após separadas, a seleção natural e/ou apenas deriva genética agindo na variação genética normal das duas subespécies irá eventualmente modificar características suficientes entre os dois subgrupos que eles não poderão mais intercruzar-se, o que por definição significa que eles irão compor duas diferentes espécies. Exemplos de isolamento reprodutivo incluem isolamento geográfico, onde o surgimento de uma montanha ou rios separa dois subgrupos; isolamento temporal, onde um subgrupo torna-se totalmente diurno em seus hábitos enquanto o outro torna-se totalmente noturno; ou até mesmo apenas isolamento "comportamental" como visto em lobos e cães domésticos: eles poderiam intercruzar-se, biologicamente falando, mas normalmente eles simplesmente não o fazem.

Um fenômeno similar pode ocorrer com memes; normalmente, a população dos indivíduos portadores de um meme em suas consciências é heterogênea e mistura-se suficientemente para manter o meme intacto, ainda que isso cubra uma grande amplitude de variações. Mas de qualquer forma, se a população divide-se, sem contato suficiente entre os dois subgrupos de variações do meme para equilibrarem-se, eventualmente em cada grupo irá evoluir sua própria versão desse meme, diferindo suficientemente do outro grupo para ser considerado uma entidade distinta.

Um exemplo disso ocorrendo na internet é o meme Kellerman. Uma busca na rede e/ou Usenet pela palavra 'Kellerman' irá resultar num grande número de citações, descrevendo extensivamente o covarde comportamento de um 'Dr. Arthur Kellerman', quem, com a assitência voluntária do centro de controle de doenças e do 'poderoso lobby da saúde pública' fabricou falsos estudos tentando implicar armas de fogo (e por extensão os seus donos) como uma ameaça à segurança pública, para propósitos de controle estatal da população que de outra forma seria frustrado pela segunda emenda da constituição dos Estados Unidos da América, o direito de ter e portar armas. Os autores dessas páginas e postagens descrevem aparentes maquinações, ciência propagandista, o um subseqüente arrependimento do Dr. 'Kellerman', e o uso de seu trabalho por proponentes do controle de armas.

Na realidade, é claro, não há um 'Dr. Arthur Kellerman; , ao menos não em qualquer conexão com a descrição acima. Há, no entanto, um Dr. Arthur Kellermann (com "duplo" n), que de fato publicou vários artigos estimando o impacto geral na saúde pública quanto a disponibilidade de e vários aspectos de armazenamento de armas de fogo, etc, como parte de uma robusta e saudável carreira na saúde pública e medicina de emergência e trauma. Como qualquer série de estudos desse tipo, há pontos fortes e fracos no trabalho de Kellermann que são rigorosamente debatidos tanto na literatura quanto na internet; de qualquer forma, mesmo após eliminar questões de opinão e afirmações que não são 100% sustentados, os fatos restantes facilmente verificáveis das publicações, carreira, os detalhes de cada estudo, etc de Kellermann são virtualmente irreconhecíveis na descriçao do maligno Dr. Kellerman.

O que aconteceu é um exemplo do meme original de Kellermann e seu trabalho sobre ferimentos violentos relacionados à armas tendo generado um novo meme, 'o mentiroso, maligno, anti-armas Dr. Kellerman inimigo da liberdade' por um fenômeno análogo a clássica deleção genética. A subpopulação envolvida era aquela com ações extremamente negativas contra o trabalho de Kellermann bem como uma falta de familiaridade com seus estudos, carreira, etc. Por causa de 'isolamento reprodutivo' devido a total ausência de interseção dos resultados de busca por "Kellerman" de "Kellermann", o meme "Kellerman" derivou ainda mais na direção da negatividade, independentemente da realidade. Como esse grupo encontra novos indivíduos de mentalidade geral similar, eles são introduzidos apenas ao mito 'Kellerman', e vão reproduzí-lo em seus próprios websites e postagens ampliando o rápido progresso desse meme dentro do intervalo da existência da internet.

Esse fenômeno também demonstra duas outras características de memes: o 'complexo de memes': um conjunto de 'co-memes' mutualmente ajudantes que co-evoluiram uma relação simbiótica, e a estratégia de infecção 'Vilão versus Vítima'. (em inglês) [1]

[editar] A forma assumida pelos memes no cérebro

Em 1981 os biologistas Charles J. Lumsden e Edward Osborne Wilson publicaram uma teoria de co-evolução de genes e cultura no livro Genes, Mind, and Culture: The Coevolutionary Process (traduzindo, seria "Genes, mente, e cultura: o processo co-evolutivo"). Eles apontaram que as unidades fundamentais biológicas da cultura devem corresponder a redes neuronais que funcionam como conexões de memória semântica. Wilson depois adotou o termo "meme" como o melhor nome existente para a unidade fundamental de herança cultural e elaborou sobre o papel fundamental dos memes em unificar as ciências naturais e as sociais no seu livro A unidade do conhecimento: consiliência.

[editar] Exemplos de memes

As seguintes declarações são (grosso modo) versões de alguns memes comuns:

  • Tecnologia é o exemplo maior, carros, grampeadores etc. Tecnologia claramente demonstra mutação, a qual também é essencial para o progresso memético (ou genético) ser feito. Existiram muitos desenhos de grampeadores ao longo da história, por exemplo com variáveis graus de longevidade, fecundidade, fidelidade (ie. "sucesso" memético).
  • Jingles, músicas em propagandas politicas e comerciais e slogans
  • Verme de orelha são canções, em especial refrões, que você não consegue parar de cantarolar ou pensar.
  • Piadas; ou melhor, piadas conhecidas por serem engraçadas
  • Proverbios e aforismos (e.g., "Deus ajuda quem cedo madruga")
  • Canção de Ninar; são propagadas por pais para filhos por várias gerações, muitas vezes associada a ações e movimentos específicos.
  • Memes portugueses - por vezes existem frases, interjeições e até mesmo sketches que se massificam numa cultura ou sub-cultura.

[editar] Os memes "sê feliz" e "faça os outros felizes"

Algumas práticas espirituais, por exemplo o Budismo, promovem claramente metas ecológicas e morais reconhecíveis pela maior parte das pessoas. Por exemplo o Nobre Caminho Óctuplo dá importância ao consumo limitado, à redução da crueldade, à não-violência ou participação em sistemas violentos e ao afastamento de processos sexuais e éticos que não tenham um claro interesse ecológico ou moral para o praticante - independentemente do valor que possam ter para os outros.

As religiões judaico-cristãs, da mesma forma, concentram-se principalmente na devoção a uma divindade transcendente e na adopção de normas morais para o comportamento, incluindo normas sociais e éticas que afectam todos os aspectos da vida, desde o amor altruísta ao comércio e à actividade sexual. As pessoas são encorajadas a devotarem-se às necessidades dos outros.

[editar] Religião

Uma pessoa considera a própria religião como um meme ou, mais exatamente, um grupo de memes associados - um memeplexo. Certos movimentos cristãos fundamentalistas são notáveis por apenas agirem para aumentar os seus próprios números. Os movimentos em questão devotam quase 100% do seu tempo à actividade evangélica, não servindo a qualquer outro propósito. Isto possibilita que sejam considerados simplesmente como um vírus auto-centrado e, em alguns casos, particularmente eficiente.

[editar] Ligações externas

Sociobiologia na Wikipédia

Sociobiologia | Robert Trivers | Richard Dawkins | W. D. Hamilton | O Gene Egoísta | Edward O. Wilson | Meme | Seleção Natural

[editar] Resistência ao Meme

Karl Popper defende isso nos termos mais fortes possíveis: "o valor de sobrevivência da inteligência é que ela permite que nós extinguamos uma má idéia antes que ela nos extingua."

Resistência à ciência e tecnologia tem sido um meme comum (ou anti-meme ou a-meme) guiando a evolução cultural e cognitiva do homem para longe de caminhos destrutivos - por exemplo os EUA e a URSS armazenaram mas não utilizaram armas nucleares no período da Guerra Fria. A ignorância tem sido considerada como uma virtude em algumas culturas - em particular a ignorância de certas tentações que a cultura acredita que seriam desastrosas se adotadas por muitos indivíduos.

A internet, talvez o maior vetor de memes, parece estar englobando os dois lados do debate. Embora possa parecer verdade, para um observador ingênuo, que nenhum adulto pode impedir que outro adulto que acesse a internet, isso não acontece de fato, baseado em vários valores éticos tentando disseminar a resistência contra hackers ou pornografia.

Principia Cybernetica mantém um léxico de conceitos meméticos, compreendendo uma lista de diferentes tipos de memes. Também faz referência à um ensaido de Jaron Lanier: A ideologia dos totalistas intelectuais cibernéticos que é muito crítico do "meme totalists" que afirma os memes acima dos corpos.

[editar] History of meme concept

The concept of ideas spreading by genetic rules predates the coining of the term; for example, William S. Burroughs asserted that "Language is a virus".

John Laurent in The Journal of Mimetics even suggested that the term meme itself may have come from the work of a little-known German biologist named Richard Semon. In 1904 Semon published Die Mneme (published in English as The Mneme in 1924). His book discussed the cultural transmission of experiences with insights parallel to those of Dawkins. Laurent found the use of the term mneme in The Soul of the White Ant (1927) by Maurice Maeterlinck and highlights its parallels to Dawkin's concept:

Now, the actual phrase that Maeterlinck uses - where he is discussing various theories which attempt to explain `memory' in termites as well as the other `social' insects (ants, bees etc.) - is "engrammata upon the individual mneme" (Maeterlinck, 1927, p.198), and according to my dictionary (Webster's Collegiate), an engram is "a memory trace; specif.: a protoplasmic change in neural tissue hypothesized to account for persistence of memory." For what it is worth, Maeterlinck explains that he obtained his phrase from the "German philosopher" Richard Semon.[2]

Laurent suggests that the etymological roots of the term meme may come from mimneskesthai, the Greek term for memory rather than the more commonly accepted root of mimeisthai, or to imitate.

Everett Rogers pioneered Diffusion of innovations theory, explaining how and why people adopt new ideas. Rogers was influenced by Gabriel Tarde, who set out "laws of imitation" that explained how people decided whether to imitate behaviour. Francis Heylighen of the Center Leo Apostel for Interdisciplinary Studies has come up with what he called Memetic Selection Criteria. These criteria opened the way to a specialized field of applied memetics to find out if these selection criteria could stand the test of quantitative analyses. In 2003 these tests were carried out by Klaas Chielens in a Masters thesis project on the testability of the selection criteria.

[editar] References

[editar] Ver também

[editar] Ligações externas

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