O termo, no tesauro documentário, denota o conceito. Isto significa que, mesmo isolado, o termo carrega consigo o significado. Estabelecer o conceito por ele designado é um passo fundamental para a estrutura/os relacionamentos dos termos no tesauro.
Há, pelo menos, três definições de conceito:
- conceito é uma unidade de pensamento
- conceito é uma unidade de comunicação
- conceito é uma unidade de conhecimento
A primeira definição é imprópria para a organização de conceitos num tesauro, porque não se pode organizar conceitos que dependam do que cada um esteja pensando, ou seja, esta definição não permite trabalhar com objetividade.
A segunda definição é igualmente imprópria para a organização de um tesauro porque ele não é uma ferramenta de comunicação direta, mas de registro das idéias e conceitos pertencentes a uma área de conhecimento. A comunicação com o publico é mediada pelo vocabulário de indexação extraído do tesauro.
Ficamos, então, com a terceira definição: o conceito é uma unidade de conhecimento, porque os textos aos quais um tesauro se destina são registros do conhecimento e o vocabulário do tesauro deverá poder representá-los. Além disto, assim como uma área do conhecimento tem natureza sistêmica, de alguma forma, os conceitos, também sistematizados, constituem seu mapeamento.
Para identificar um conceito três condições são necessárias e elas estão expressas no triângulo a seguir, desenvolvido por I. Dahlberg :
O triângulo acima pode ser, então, entendido como o conjunto das propriedades significativas atribuídas a um referente (característica), pelos membros de uma área de assunto, e sintetizado num signo lingüístico que é o termo. Entre o signo lingüístico e o referente não há relação direta. Esta se estabelece somente via conceito. Se uma das condições do triângulo estiver ausente, não se pode ter o conceito. No âmbito de uma área de assunto, portanto, não pode existir dúvida quanto ao conceito que o termo comunica, ou seja, existe uma monorreferencialidade relativa; o termo evoca o que tem que ser evocado. Pelo fato do tesauro lidar sempre com uma área específica do conhecimento é difícil ocorrer a homonímia.
São, portanto, elementos constitutivos do conceito:
- o referente
- as características
- o termo
REFERENTE
O referente é um objeto formal, um constructo mental, uma unidade de pensamento. Assim, fisicamente não existem os objetos como 'casa', 'árvore'. O que existe é uma determinada casa, uma determinada árvore de uma determinada espécie. Pelo fato de ser um constructo mental, pode-se ter o conceito de um referente sem existência real como, por exemplo, um duende. No entanto, se o consideramos como uma unidade do pensamento, não podemos ter certeza de entender tal unidade, por ser algo subjetivo, algo que está na cabeça de um indivíduo.
"Se o conhecimento pode ser considerado a totalidade de proposições verdadeiras sobre o mundo, existindo - em geral - nos documentos ou nas cabeças das pessoas, então o conhecimento pode parecer existir também em todas as afirmações verdadeiras (em todos os julgamentos) e em todas as proposições científicas que obedecem a um postulado verdadeiro" (Dahlberg).
Na análise de um referente fazemos predicações verdadeiras através da análise de suas propriedades.
A análise do referente evidencia as características que são indispensáveis para o estabelecimento das relações e que vão auxiliar na construção do sistema de conceitos, visto que nenhum termo do tesauro fica isolado, mas está sempre relacionado com, pelo menos, um outro.
CARACTERÍSTICA
O que é
Função
Classificação
característica essencial
característica intrínseca/ extrínseca
dependente/ independente
Característica de divisão
Intensão
Característica é o elemento constitutivo, formador do conceito. Analisar um objeto, um referente, significa identificar nele suas propriedades. Num grau de abstração, do referente para o conceito, dizemos que as propriedades dos referentes/objetos correspondem às características do conceito.
Exemplo: 'finanças públicas' são as receitas e as despesas do setor público ou de órgão do setor público. As características presentes nesta explicação, ou definição, são 'receita', 'despesa', 'setor público'. A expressão 'finanças públicas' poderia ter outro sentido e, portanto, outras características, caso o sistema de informação no qual está inserido fosse voltado para outra área como, por exemplo, Ensino de Economia, a saber, 'disciplina relativa a aspectos econômicos e financeiros do setor público'. Assim, á área de assunto do tesauro é fundamental para a análise do referente.
Por outro lado, na construção de um tesauro, nem todas as características de um conceito são necessárias ou relevantes para que possamos identificá-lo. O assunto a ser sistematizado, o público alvo e o objetivo, dentre outros, determinam as características relevantes a serem selecionadas.
Por exemplo, num tesauro agrícola ao analisar o conceito 'manga', as características relativas às propriedades nutritivas da manga não são relevantes. Na dietoterapia, sim.
Outro exemplo: Na classificação de Madeiras para a produção de instrumentos musicais há características que, provavelmente, são irrelevantes para o setor Moveleiro, e vice-versa.
Os exemplos acima mostram que o perfil do usuário a que se destina o tesauro é decisivo para selecionar as características do conceito. Tais características vão se refletir no momento de estabelecer os termos associados.
Importante: Definir o público alvo de maneira clara é fundamental para a seleção das características, com conseqüências nas diversas etapas da elaboração do tesauro.
As características também são conceitos e são usadas para classificar e definir outros conceitos. Por exemplo, 'verniz' é um conceito que tem a 'resina' como uma de suas características, e 'resina' também é um conceito. Se não soubermos o que é 'resina' não poderemos entender corretamente o que seja 'verniz'.
Assim, o conceito nunca é estabelecido de forma isolada, mas sempre em relação com outros. O conceito se estabelece através da comparação com outros conceitos, quando se identificam semelhanças e diferenças (por meio da análise e comparação das características), o que leva à reunião de conceitos, que se relacionam de maneira vária. Por exemplo, o conceito "vacina antirrábica" leva aos conceitos "vacina" (relação genérica), ao conceito "raiva" (termos associado) e este, leva ao conceito "doença infecciosa", que guarda uma relação genérica com "raiva". Então, a partir de um único conceito - vacina antirrábica - reunimos pelo menos mais três conceitos, ligados por relação genérico-específica e por relação associativa.
Importante: Os tesauros se caracterizam por mostrar as relações entre os conceitos. Assim, as características dos conceitos têm especial importância na estruturação do tesauro
Classificação das características
Característica essencial
Característica necessária ao completo entendimento do conceito, especificando-o de maneira inequívoca. Assim, quando definimos tinta fluorescente como 'tinta que apresenta certa luminescência durante a noite' e tinta fosforescente como 'tinta que apresenta certa luminescência durante a noite', não conseguimos fazer a distinção entre elas. Faltam-lhes as respectivas características essenciais.
Por exemplo:
tinta fluorescente
tinta que apresenta certa luminescência durante a noite, quando sobre ela incide um feixe luminoso, cessando quando a fonte ativadora deixa de agir.
tinta fosforescente
tinta que apresenta certa luminescência durante a noite, quando sobre ela incide um feixe luminoso, continuando por algum tempo após a fonte ativadora deixar de agir.
Então sabemos que não não são termos equivalentes, ou sinônimos, mas que têm em comum o fato de serem 'tinta' e 'brilharem à noite'. E isto mostra que os conceitos estão próximos.
Características intrínseca e extrínseca
Forma, cor, tamanho, peso, por exemplo, podem caracterizar um referente em si mesmo, sem relação com outros. São as características intrínsecas. Assim, é próprio de uma vigia de navio ser 'redonda', enquanto é próprio da janela de navio ser 'retangular'. É próprio das pedras preciosas terem 'cor' e 'brilho', entre outras características.
Quando um referente se caracteriza por ter uma função que outro não tem, ou uma finalidade que outro não tem, ou por componentes diferentes de outros referentes semelhantes, então diz-se que estas características são extrínsecas, ou seja, elas são identificadas num objeto em relação ao outro, e não em si mesmo. Por exemplo, 'vacina antirrábica', 'vacina antivariólica', 'vacina contra sarampo'. O conceito 'vacina' pode ser caracterizado por si mesmo. No entanto, quando acrescentamos um qualificativo, a vacina se caracteriza por sua ação sobre a doença e deixa explícita a relação entre a vacina e a doença contra a qual ela pretende imunizar o indivíduo.
Nos tesauros, os tipos de vacina são subordinados a 'vacina' e cada tipo de vacina está associado a uma doença.
Características dependente e independente
Na análise de um referente, percebe-se que algumas características podem ser listadas sem qualquer ordem de precedência, enquanto outras, não.
a) Uma característica será dependente de outra se esta outra tiver que ser previamente definida para que a primeira possa ser compreendida. Por exemplo, o conceito 'concreto armado' exige que se compreenda, primeiramente, a característica que faz parte de seu conceito, a saber, 'armadura' ou 'estrutura armada'.
b) As características independentes produzem conceitos que podem pertencer a mais de uma hierarquia. Por exemplo, 'ônibus' pode ser definido, no mesmo contexto de um tesauro, como veículo de transporte coletivo e também como veículo rodoviário. Assim, ele participa de dois conjuntos, a saber:
veículo de passageiro
ônibus
veículo rodoviário
ônibus.
Isto cria uma poliierarquia: quando afirmamos que ônibus é um veículo de passageiros ele está pertencendo à classe 'veículo de passageiros'; quando afirmamos que ônibus é um veículo rodoviário, ele está pertencendo à classe 'veículo rodoviário'. Ele pertence, portanto, àquelas duas classes, como se visualiza no exemplo acima.
Importante: A poliierarquia só tem sentido se os agrupamentos forem úteis para as finalidades do tesauro. O fato da poliierarquia ser possível, não quer dizer que tenha que ser utilizada.
Se você já sabe identificar um conceito a partir da análise do referente, passando pelas características, faça os Exercícios
Característica de divisão não é um tipo de característica, mas uma função que uma dada característica assume na formação de um renque (def). Características de mesma natureza determinam o agrupamento natural dos conceitos em classes ou sub-classes. O agrupamento se dá por uma característica de nível de abstração mais elevado conhecida como característica de divisão, sendo indicada entre parênteses.
veículo
(segundo o bem transportado)
veículo de passageiros
ônibus
(segundo a modalidade de transporte)
veículo rodoviário
ônibus
No exemplo acima, 'bem transportado' é uma característica mais ampla de 'passageiro'; e 'modalidade de transporte' é uma característica de 'rodoviário'.
Observações:
1) Os conceitos reunidos segundo uma característica de divisão guardam uma relação de coordenação (formam um renque).
2) Às vezes existe um termo geral que evidencia a característica de divisão. Por exemplo: os conceitos 'água gasosa' e 'refrigerante' têm uma característica comum que é 'possuir gás'. Mas existe o conceito genérico 'bebida gasosa' que engloba os dois. Então teremos:
bebida gasosa
água gasosa
refrigerante
Mas nem sempre a língua fornece todos os termos necessários à estruturação de um sistema. No caso das subclasses de verniz, por exemplo, não há um nome que designe o grupo de verniz que se caracteriza pelo brilho; o mesmo ocorrendo com o grupo de verniz que se caracteriza pela substância que entra na sua composição, cuja importância é relevante a ponto de entrar em sua designação. Esta limitação pode ser contornada explicitando-se a característica de divisão, entre parênteses.
Quando a língua provê o termo que contenha esta característica, no caso, 'bebida gasosa', então este termo reúne os termos específicos, como no exemplo acima.
3) O uso da característica de divisão auxilia na identificação de termos equivalentes.
Faça os exercícios sobre característica de divisão.
O número de características necessárias à identificação de um conceito varia. Chama-se intensão o conjunto das características que constituem um conceito. A intensão de um conceito pode ser maior ou menor em relação a outro(s), ou seja, o número de características de um conceito pode ser maior ou menor em relação a outro(s). Quanto maior a intensão (ou: o número de características), maior a especificidade. Quanto menor a intensão, mais geral é o conceito.
Por exemplo, o conceito 'vermute' tem mais características do que o conceito 'bebida', ou seja, a intensão do conceito 'vermute' é maior do que a intensão do conceito 'bebida' por incluir as características 'extratos de ervas aromatizadas', 'fermentada', 'alcoólica' e 'bebida'.
Importante: A análise das características fornece tanto os elementos para a criação de um novo termo, como para a fixação do conteúdo de um termo já existente na língua, e ainda, para estabelecer as relações entre os termos de um tesauro e para a construção da definição num glossário.
O termo é constituído por uma palavra ou por um grupo de palavras. O termo é a menor unidade de representação do conceito e, como tal, indivisível na indexação e nos tesauros. É impróprio, portanto, do ponto de vista conceitual, falar-se de 'termo simples' ou 'termo composto' na elaboração de tesauros ou na indexação.
O termo é a designação do conceito. Nas ciências ele pode ter várias formas como um código, uma fórmula, ou outro símbolo qualquer. É possível que, dadas as facilidades que a informática vem oferecendo, estas outras formas possam ser incorporadas ao tesauro, como equivalentes de sua designação verbal. Esta última tem sido utilizada para que os conceitos possam ser manipulados.
Diferentemente da palavra, o termo tem seu significado assegurado, mesmo fora de contexto, ou seja, isoladamente. Mas, por sua natureza lingüística, algumas armadilhas podem se apresentar quando da análise do conceito e sua categorização.
Mesmo sabendo-se que a análise do conceito se dá a partir do referente - daquilo a que o termo se refere - e não da palavra, é a expressão verbal que se apresenta como elemento de manipulação, ou seja, tal análise é feita via termo. Alguns fenômenos da língua podem ocorrer numa área de assunto. Os mais comuns são:
Embora na língua geral o fenômeno da sinonímia total não ocorra, na área técnica ele é mais freqüente do que se imagina. A identificação dos sinônimos se dá durante a análise e sistematização dos conceitos. É mais correto, nos tesauros, identificá-los como termos equivalentes.
Exemplo: Antídoto e Contraveneno.
Nos tesauros, um deles é o termo preferido (ou descritor); do outro, faz-se uma remissiva:
ANTÍDOTO
up Contraveneno
Contraveneno
USE ANTÍDOTO
O uso de maiúscula para os termos preferidose o de minúsculas para os termos não-preferidos tem por finalidade fácil visualização para o indexador que assim, num golpe de vista, fica alertado para o status do termo.
Exercício: No glossário sobre Teatro, identifique as relações de equivalência.
Diz-se que há quase-sinonímia quando dois conceitos têm praticamente a mesma intensão{def.). Quando isto ocorre, pode-se tomar uma das seguintes decisões:
- são considerados equivalentes; nos tesauros seleciona-se um deles como descritor e procede-se como no exemplo acima
- são considerados ambos como descritores, com uma entrada para cada um deles, estabelecendo uma relação associativa (def).
A decisão deve levar em conta fatores como objetivos do tesauro, características da clientela, volume da literatura.
A homonímia, via de regra, não ocorre porque a atividade terminológica se dá sempre numa área de assunto específica. Excepcionalmente isso pode acontecer; neste caso, um qualificador pode resolver a questão.
Exemplo 1:
Tênis (calçado)
Tênis (esporte)
Exemplo 2:
Análise gramatical
Análise lógica
A metonímia é um fenômeno comum. Se ficarmos no plano da língua, certamente poderemos cometer enganos. Se, no entanto, iniciarmos a atividade pelo referente, então o fenômeno virá à luz e - muito importante - o conceito será estruturado em seu devido lugar.
Na Agroecologia, por exemplo, encontramos a expressão 'cobertura morta' definida ora como material, ora como técnica. Somente quando nos deparamos com os termos em inglês, percebemos o que se passa. Em inglês, 'mulch' é o termo que designa o material empregado para cobrir o solo e 'mulching' o termo que designa a técnica de cobrir o solo com alguns materiais específicos. Temos um homônimo? Não. Temos um termo 'cobertura morta' que designa a técnica e 'material de cobertura morta' que designa a palha, as pedras, areias, etc., empregados para cobrir o solo. É evidente que, no discurso, fica subentendido quando se trata de um, quando se trata de outro e que, por questão de economia, empregamos apenas a expressão 'cobertura morta' mesmo quando queremos designar o material. Isolados, os termos ficam ambíguos. Então é preciso estabelecer uma diferença entre eles. Por exemplo, 'cobertura morta' e 'material de cobertura morta', estabelecendo-se uima relação associativa entre os dois, para guiar indexador e usuário para o termo mais adequado à indexação/busca.
Outros exemplos:
1) Na área de Doces: 'Bala de goma' é referida por 'Goma'.
2) Na área de Tintas: 'Tinta esmaltada' é referida por 'Esmalte'.
Se ficarmos apenas no plano da língua, podemos classificar mal estes nomes - pois não estaríamos lidando com o conceito, mas com as palavras.
É muito comum usar uma palavra com sentido figurado, inclusive na língua técnica. Se ficarmos no plano da língua também cometeremos enganos de classificação.
Exemplos:
1) Na área de Bebidas: Tomemos os termos 'Conhaque' e 'Conhaque de gengibre. 'Conhaque' designa 'um tipo de bebida alcoólica fermentada-destilada a partir do vinho'. 'Conhaque' não pode, portanto, ser considerado um termo genérico de 'Conhaque de gengibre', pois esta bebida é um destilado de cana-de-açucar adicionado de gengibre, como substância aromática.
Entre eles existe uma associação determinada pela denominação, sendo indicada nos tesauros como relação associativa (TA):
Conhaque
TA Conhaque de gengibre
Conhaque de gengibre
TA Conhaque
2) Na área de Alimentos, é interessante lembrar o esforço de uma indústria de carnes processadas, que procurou a Câmara dos Deputados para alterar a legislação que estabelecia as propriedades desejáveis para o Presunto. Tal indústria estava produzindo um 'presunto' de peru. Neste caso, um qualificador acrescentado a ambos restabelece o significado preciso, ou seja, de fato, temos dois conceitos: 'presunto [de porco]' e 'presunto' de peru. Atualmente temos até 'presunto' de chester... Quando este fenômeno ocorre, a inclusão do qualificador no termo inicial 'de porco', resolve a questão. A língua não possui, no entanto, um termo para reunir os três tipos de carne processada, a menos que se redefina 'presunto', de forma genérica, de sorte a incluir os 'tipos'. Entre estes termos existe um associação, determinada pela denominação, sendo indicada nos tesauros como relação associativa:
Presunto de chester
TA Presunto de peru
TA Presunto de porco
Presunto de peru
TA Presunto de chester
TA Presunto de porco
Presunto de porco
TA Presunto de chester
TA Presunto de peru
3) Outro exemplo, é o caso do vinagre. Depois que surgiram outros 'vinagres', como o 'vinagre de maçã', 'vinagre de arroz', o 'vinagre'inicalmente de vinho, precisa ser agora qualificado como 'vinagre de vinho' (temos até o vinagre de vinho tinto e o vinagre de vinho branco), o que parece uma redundância, mas que se justifica para clareza da comunicação. Felizmente, neste caso, temos o termo Condimento para reunir os 'vinagres', podendo figurar assim, na parte alfabética do tesauro:
Condimento
TE Vinagre de arroz
TE Vinagre de maçã
TE Vinagre de vinho
Vinagre de arroz
TG Condimento
Vinagre de maçã
TG Condimento
Vinagre de vinho
TG Condimento
TE Vinagre de vinho branco
TE Vinagre de vinho tinto
Vinagre de vinho branco
TG Vinagre de vinho
Vinagre de vinho tinto
TG Vinagre de vinho
É evidente que esta estrutura requer uma nova definição para os diversos tipos de 'vinagre' considerados, aqui, como 'condimentos'. Então, 'vinagre de arroz' define-se como 'condimento...' e assim por diante.
Entre os termos específicos cria-se excepcionalmente, uma relação associativa (TA) como única forma de agrupá-los e mostrar ao leitor. Se não houver um conceito genérico para reunir tais termos, como no caso de 'condimentos', então cria-se apenas a relação associativa entre eles.
Este é outro fenômeno que pode induzir a erro de classificação, se ficarmos apenas no plano da língua. Ele ocorre quando o adjetivo - melhor dizendo, o determinante - é que indica a classe a que o conceito pertence, e não o substantivo - ou determinado.
Exemplo 1: Couro sintético - não é Couro; é um produto sintético que pode ser usado como substituto do couro (que, por definição, é de origem animal). Assim, é falsa a cadeia:
Couro
TE Couro sintético
Nestes casos, estabelece-se entre os termos uma relação associativa para mantê-los próximos à vista, ficando, no entanto, cada termo em sua respectiva classe. O correto, então, seria:
Couro
TA Couro sintético
Exemplo 2: Peixe fóssil - não é peixe; é um fóssil.
Exemplo 3: Flor artificial - não é uma flor; é um objeto em forma de flor.
Os adjetivos 'sintético' e 'artificial' auxiliam na identificação dos conceitos, mas não são os únicos.
RELAÇÃO ENTRE CONCEITOS E TERMOS
A análise dos termos e, por conseguinte, dos conceitos constitui a base para se estabelecer as relações nos tesauros.
Um dos postulados do tesauro é que os conceitos de uma área de assunto se inter-relacionam formando um sistema. Não existe conceito isolado: ele está sempre relacionado com, pelo menos, um outro conceito.
A relação entre conceitos pode ser:
- lógica
esta relação vai produzir a relação hierárquica incluindo termos genéricos e termos específicos. - ontológica , que inclui as relações partitivas e associativas.
Por que esta classificação? Procuramos manter a classificação das relações entre conceitos em lógica e ontológica por acreditarmos que elas fornecem princípios mais sólidos para a sistematização dos conceitos. Tal classificação facilita, inclusive, o entendimento da realidade empírica que está sendo representada no sistema de conceitos, e auxilia a pensar corretamente.
Relação entre termos
Esta relação se dá no plano da língua. Aqui temos
a
Observação: As relações lógicas (de super-ordenação e de subordinação) e as relações partitivas (ontológicas) são consideradas por alguns autores relações hierárquicas. Não nos parece apropriado considerar hierárquica a relação partitiva porque, em alguns casos, as partes de um objeto têm cada um sua própria classe. Por exemplo, biela, pistão, eixo de manivela, como partes de um motor. Em outros casos, o objeto pode ser visto como parte e também como objeto independente. Por exemplo, a Terra é parte do Sistema solar, mas pode ser estudada independentemente do sistema, ou seja, a Terra tem características próprias (coloração, dimensão ...) não guardando hierarquia direta com o sistema solar. Em outros casos, o todo não se configura como maior, mais importante ou determinante da existência da parte. Por exemplo, o carro (o todo) necessita do motor (parte/componente) para funcionar.
2 comentários:
Poderia ter ao menos a decência de colocar a fonte/referência.
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